CBF recusa exigência de Textor para Botafogo x Flamengo

O Botafogo fez uma solicitação formal à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para que o árbitro Raphael Claus e a árbitra de vídeo Daiane Muniz fossem excluídos das escalas de jogos do clube enquanto as investigações da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas estivessem em andamento. Essa medida foi motivada por incidentes ocorridos em um clássico do Campeonato Brasileiro de 2023, quando o Botafogo enfrentou o Flamengo e saiu derrotado por 2 a 1.

Durante o depoimento de John Textor, proprietário da SAF Botafogo, na CPI, foram mencionados supostos erros cometidos por Claus e Daiane nesse jogo. Os pontos de controvérsia incluíram um gol do Flamengo, marcado após um lance que foi apontado como impedimento não assinalado, e uma falta que teria originado o segundo gol, fatores que, segundo Textor, prejudicaram diretamente o resultado do confronto.

O Botafogo defendeu no ofício enviado à CBF que, dadas as circunstâncias, Claus não teria a necessária independência ou imparcialidade para atuar em partidas do clube, uma posição reforçada pelo contexto das investigações e pela publicidade das críticas.

Contudo, a posição do clube provocou reações imediatas. A Associação de Árbitros de Futebol do Brasil (Abrafut) emitiu uma nota oficial rebatendo as afirmações do Botafogo, acusando John Textor de manipular a opinião pública e desafiar a integridade dos profissionais de arbitragem, que, segundo a associação, trabalham de forma honesta e honrada.

Apesar dos protestos e das solicitações do Botafogo, a CBF respondeu oficialmente nesta quinta-feira, mantendo Raphael Claus como árbitro para o próximo clássico entre Botafogo e Flamengo.

Nota oficial da Abrafut:

Face a veiculação de notícias envolvendo o nome do árbitro Raphael Claus e a árbitra Daiane Muniz, ambos associados desta entidade, a ABRAFUT vem a público se manifestar com as seguintes considerações:

1. A ABRAFUT é a entidade que representa 492 (quatrocentos e noventa e dois) árbitros do quadro da CBF, sendo a única entidade reconhecida pela CBF e o Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD), para representação dos árbitros;

2. As graves e reiteradas ilações proferidas pelo Sr. John Charles Textor, Diretor da SAF BOTAFOGO, que vêm ocorrendo desde o ano passado, envolvendo a suposta existência de manipulação de resultados no futebol brasileiro, ainda não foram alicerçadas e corroboradas por qualquer prova, seja ela qual fosse.

Mesmo sendo o citado diretor intimado, pelo Superior Tribunal Desportivo do Futebol, a entregar qualquer tipo de documento que pudesse justificar as graves ilações e acusações proferidas;

3. O citado diretor permanece manipulando os amantes do futebol e as pessoas que trabalham nele, utilizando a imprensa para reiterar frases de efeito, colocando em xeque a todo momento a idoneidade das pessoas que trabalham de maneira honesta e honrada no futebol.

Não é demais lembrar que a equipe que dirige teve inúmeras oportunidades esportivas para alcançar seus objetivos, que contaram inclusive com falhas nos padrões normais de desempenho de atletas profissionais de sua própria equipe, situações que ocorrem no âmbito esportivo e humano, afinal, ninguém consegue ser perfeito todo o tempo. O ser humano está sujeito a falhas e equívocos involuntários e indesejáveis, e nem por isso deve ser suspeito de ato ilícito premeditado;

4. Ao citar – sem o mínimo de responsabilidade ou prova, apenas por opinião pessoal baseada em subjetividades – dois dos mais respeitados árbitros do Brasil, América do Sul e do mundo, com vastos currículos internacionais, incluindo Copas do Mundo masculina e feminina em diversas categorias, dezenas de finais, selecionados para Olimpíada de Paris (Daiane Muniz) e no projeto para a Copa do Mundo de 2026 (Raphael Claus), o citado dirigente assume uma postura totalmente contrária ao que se espera de uma pessoa com o mínimo de responsabilidade com a carreira de um profissional e a história ilibada de um ser humano.

Ambos profissionais são exemplos de dedicação à arbitragem, exemplos como seres humanos, são profissionais do mais alto nível, a capacidade e seriedade com que tratam o futebol servem de referência para varias gerações de árbitros, em vários países.

5. A ABRAFUT repudia de forma veemente as colocações do citado dirigente, repudia inclusive os pedidos de suspensão de ambos das atividades como árbitros, já que não há nada, reitera-se, nada, que desabone a conduta dos profissionais citados;

6. Em relação a escala do associado Raphael Claus no jogo Flamengo (RJ) x Botafogo (RJ), a ABRAFUT mostra que, conforme calendário das audiências públicas para designações dos árbitros da Comissão de Arbitragem da CBF, informado no site da CBF, no dia 20/04/2024 (domingo) às 16h27, a audiência para designação do citado jogo da equipe do Botafogo fora marcada para o dia 22/04/2024 (segunda-feira) às 17h.

Assim, a designação do árbitro para a partida de 28/04/2024, contestada pelo citado diretor, ocorreu antes da publicidade das ilações envolvendo ambos associados citados;

7. A ABRAFUT reitera o apoio aos dois exemplares profissionais da arbitragem citados, reitera o apoio ao Presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Sr Wilson Seneme, e o apoio ao presidente da CBF, Sr Ednaldo Rodrigues Gomes.

8. Espera ainda que as autoridades brasileiras cobrem do Sr. John Charles Textor a apresentação de alguma prova, das graves acusações e ilações reiteradamente proferidas, sob pena de responder por esta conduta nociva e reiterada.

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